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Deixei o amor para trás

A dor que se sente é inexplicável. Recordo-me quando citava o poeta e escrevia que o amor era a pior droga que existia. E pensar agora que, na altura, ainda não a tinha experimentado.  Sinto-me num vazio porque não pensei. Desta vez não experimentei a dor por antecipação, o "plano B", não defini os objetivos, não propus as razões para tomar a decisão. Tomei-a, quase inconsciente, e, sem grande reacção, segui em frente.  Só não entendo ainda muito bem o que significa "seguir em frente".  Abandonei o conforto, quebrei a rotina que estava definida e programada quase ao milímetro. Anulei todos os momentos que me estavam destinados, os bons e os maus, e deixei o amor para trás. "E agora?", pergunto-me repetidamente.

Acerca da bipolaridade

Há momentos, há fases, há períodos em que tudo o que se pede é simplesmente uma vontade de não querer nada que, em conflito com o querer tudo, se perde na desordem da angústia, da raiva e talvez até do desespero. Não é assim tão simples. Apetece estar sozinho e abdicar desse dom que é a comunicação, que é a partilha, o convívio. Apetece simplesmente menosprezar o outro, insultá-lo, dizer-lhe tudo aquilo que por respeito e bom-senso não se lhe disse. Não é ignorância, não me interpretem mal, é o contrário disso. Queremos ser ouvidos, queremos gritar e impor a ordem, mas sem que nos confrontem, sem que coloquem em causa tudo aquilo que desenfreadamente dizemos.  Eu chamo-lhe "bipolaridade". É a fórmula que tenho para conseguir entender este sentimento oblíquo que atravessa o corpo e nos estrangula a alma. Ser-se aquilo que não se é. 

A fórmula

Nada na vida é realmente simples, tudo tem uma estrutura e em tudo há um objetivo e um caminho a percorrer. Em tudo o que nos rodeia colocamos metas e fracassamos em virtude da incapacidade em definir essas metas. O segredo está no caminho e, acima disso, na atitude com que o encaramos e nos desafiamos constantemente a mudá-lo, a adaptá-lo à nossa realidade, a explorá-lo e a colocar nele aquilo que são as nossas formas de expressão: a nossa personalidade, as nossas atitudes, as palavras que usamos, o nosso discurso, os nossos sentimentos. E há o amor.  E há as pessoas que amam e há as pessoas que não são capazes de não amar. O amor é o caminho, o saber como amar o desafio, o acreditar no amor a barreira. Há amor, há sempre amor. Há desejo, há fortuna, há sucessos, há fracassos, há instinto, há dor, há mágoa, há respeito, há violência, há maldade, há carinho e há a saudade de tudo junto.  Apenas não há uma fórmula.

A pessoa

Não, claro que não. É impossível esquecer e simplesmente apagar a pessoa da realidade presente. O amor é inevitável, sentimo-lo, mesmo sem o querer sentir. É assim que funciona para nós, simples terrestres com incapacidades que nos limitam a nível emocional.  O facto de estarmos limitados a sentir, sem que o inverso possa acontecer por iniciativa própria, não nos impossibilita de, como em tudo na vida, contornar a situação. Há que encontrar alternativas e caminhos que permitam à nossa consciência, com a ajuda do tempo, assumir novas rotinas de pensamento e novos sentimentos. Não há substituições! Isso é simplesmente uma não-solução, apenas um analgésico para evitar e mascarar a dor que inevitavelmente vamos sentir. A pessoa? Mantém-se. Devemos apenas verificar a sua influência no novo caminho. O mais importante é não alimentar o sentimento que tentamos contornar sabendo que o estamos a fazer e tendo a consciência da impossibilidade de o eliminar. Isso impede-nos da preocup...

O lugar a seguir

Chega o momento em que te confrontas com o teu sossego, com a tua solidão e também com o teu desespero e é então que te perguntas: "Para onde devo ir a seguir?". A resposta não chega. Não vai chegar. Não existe uma resposta e essa é a mais cruel das realidades. Deves seguir em frente, é o senso comum que to diz. Seguir em frente significará avançar, para algo ou junto de alguém, fazer acontecer, sem esperar que aconteça.  Perdes tempo em cada momento que ocupas com o pensamento com que te debates sobre o que fazer a seguir. O tempo, esse bem imaterial tão precioso. O relógio, essa prisão da liberdade que se infiltra pelos dias adentro e que te mantém sob a obsessão de um controlo permanente em que trabalham as várias horas do teu dia.  "Para onde devo ir a seguir?" Todos os dias a mesma questão. E todos os dias a inexistência de uma resposta.  Consomem-te as rotinas, mas fazem-te sentido porque te fazem sentir, nem que seja sentires que estás a perder...

As ideias soltas

Não procuro o amor porque temo não o poder encontrar. Ele existe e será fácil encontrá-lo, eu é que não quero procurá-lo e muito menos ter de o suportar.  Dói cá dentro ter o sentimento de perda de algo que não foi sequer conquistado. Perder um nada que não é tudo, mas que se tornou essencial. Dói pensar que se é fiel quando todos os dias se incumpre o compromisso da honra e dos valores que não chegaram sequer a ser estipulados. Seguir em frente é o caminho, sempre. Importa que o seguir em frente não se resuma a permanecer no mesmo espaço e no mesmo tempo, perdido entre as ilusões fascistas de uma liberdade irracional. Haja sonhos para devorar.

Jogo de Mistério

Chegas extasiante a uma nova rotina e entendes que estás subcapacitado para gerir tantos acontecimentos. Procuras um ponto de encontro entre aquilo que pretendes, aquilo que começas e o que procuras terminar e chegas à conclusão de uma dolorosa realidade, já antiga, em que interpretas o papel de alguém que procuras ser numa outra fase da vida que não corresponde aquilo que pretendes fazer naquela que é a realidade presente. Procuras um querer novo, algo diferente. Uma fuga da realidade que transforme a tua rotina numa lembrança diária de momentos para recordar naquele que é só mais um capítulo desse livro sem páginas em branco que preenches com as tuas aventuras. Buscas não estar só e não o estás, nunca. Preenches-te de um vazio cheio de almas para o encher, com fabulosos contos das mil e uma noites loucas sem parar. Ai... Anseias por isso, tu sabes. Tu vais lá parar, é isso que queres. Mas tem calma, já estiveste mais longe de lá chegar. Respira fundo, fecha os olhos e vai de...

A Metacomunicação

Perguntam-nos frequentemente o porquê das nossas decisões. Procuram em nós uma justificação que se verifique em vocábulos, que se possa escrever e entender, pela norma gráfica. Palavras, é o que procuram. Apenas palavras quando a nossa justificação tem tantas mais linguagens. 

Exclamando a liberdade

Somos livres. Esta é uma das primeiras leis fundamentais que nos é dirigida: "Tu és livre. Livre de pensar, de fazer, de achar, de falar, de fazer acontecer. Foi um direito que foi conquistado e que, por isso, é por ti adquirido. Basta que sigas as leis e esse é um direito que nunca te poderá ser retirado." Discurso bonito. E não, não vou entrar num monólogo discursivo sobre o conceito de liberdade e aborrecer-me com o quão filosófico esse monólogo poderia mostrar-se. Limito-me ao conceito de "falácia", do latino fallare , que não é mais do que um engano, um disfarce com aparência de verdade. É isso esta liberdade a que nos obrigam: uma falácia. A liberdade condicionada pelas leis das sociedades em que vivemos não é mais do que a personificação de uma prisão vazia das liberdades individuais. Prendemo-nos me rituais estranhos em que o sono se confude com um "reabastecimento de energias" e o trabalho com uma obrigação social de utilidade e, pior do...

Começar do zero

Um novo começo é, na realidade, sempre uma saída fácil.  Começar do zero tem tanto de difícil como de oportuno. É como recordar quando nos dizem que uma crise é um momento de oportunidade, é tudo uma questão de posicionamento. Não é, de todo, irreal pensar dessa forma, ainda que haja toda uma panóplia de opções disponíveis. Começar tudo de novo implica, sobretudo, uma enorme capacidade de gestão emocional para não fazer uma regressão a um ponto onde julgamos ter perdido o controlo. É necessária coerência, racionalidade e uma grande estrutura emocional.  Hoje, mais do que alguma vez julguei pensar, estou num novo caminho e, apesar de ter retornado a um ponto onde julguei ter perdido o controlo, apenas verifico que tudo é relativo às decisões que tomamos. Eu nunca perdi o controlo, limitei-me a tomar decisões e são essas que devo gerir por forma a não incorrer em erros graves.  Está tudo por ganhar, porque nada foi perdido.