Eu não posso ser teu amigo
Quis o destino, essa ilusão de fatalidade do real em que nós nos apoiamos para dar justificação àquilo que não entendemos, que um dia nos separássemos bruscamente, obrigados a esquecer a presença do outro. Pior seria uma despedida, um adeus forçado ou então um "seremos sempre bons amigos".
A amizade constrói-se sem pretensões do destino e não dói quando a ausência se faz sentir. Temos saudades dos nossos amigos e daquele abraço que nos conforta, mas não temos uma necessidade da sua presença, do seu odor corporal e, sobretudo, do toque que nos arrepia e queima, aos poucos, a alma. Eu não posso ser teu amigo porque nunca o fui na essência da amizade. Não consigo dar-te a mão e dizer-te para ires em frente, pelo menos não sem mim.