A estabilidade que incomoda

Quis sempre mais do que aquilo que tive sendo insatisfeito por natureza. Dificilmente, em criança, não fui correspondido nos meus pedidos supérfluos. Hoje sou mais comedido a pedir, mas dificilmente obtenho a resposta que desejo. A verdade é que também não sei, ao certo, aquilo que procuro. Todos os dias mudo a ideia que crio acerca do meu percurso, uns dias sorrio e fico feliz por ter chegado até onde cheguei, nos outros fecho-me e consolo-me com as canções tristes da Simone ao sabor de um copo de vinho e na companhia do cigarro que desaparece em menos de três minutos. 

Gostava de ser um daqueles seres satisfeitos e sorridentes. Cada momento um motivo para celebrar, o carpe diem, explicam os sortudos. Mas os momentos não são todos alegres, pelo contrário, há mais motivos de tristezas e de lamento do que de festejo e de celebração na minha vida, mas isso não é sinónimo, em mim, de uma alma perdida e fracassada, apenas insatisfeita, tal como o miúdo de dez anos que já fui.  

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