A escassez da liberdade
Canso-me de olhar pela janela na tentativa de, lá fora, encontrar uma alternativa para saciar todas as vontades em viver que guardo dentro de mim. Já quis ser médico, professor, veterinário, advogado, jornalista, ator, realizador e até músico, o que é de estranhar para alguém com uma voz tão pouco prodigiosa. O meu problema é que, ao contrário de uma criança que vai mudando de ideias e se apaixona, ao longo do tempo, pela crença que fixa, eu não fixo nenhuma das minhas vontades senão a vontade em querer satisfazê-las.
Quando deixo de ver e de ouvir para passar a olhar e a escutar os outros no mundo para lá da minha janela percebo que eu posso mesmo ser a única pessoa certa no meio de tudo isto. Eu limito-me a ter o objetivo de satisfazer a vontade que reside na minha alma, enquanto que lá fora todos os outros se limitam a ignorar o óbvio e correm contra o tempo para o deixar passar e perdê-lo sem nada aprender no seu dia-a-dia. Quem sabe um dia não possa abrir uma barraquinha de limonada ou um bar na praia e aproveitar cada segundo do meu dia.