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As minhas convicções (ou a falta delas)

Estamos, com grande frequência, perante uma tomada de posição: direita ou esquerda; certo ou errado; a favor ou contra; verde ou vermelho; sim ou não? Dizem que é mesmo assim a vida. E não é mentira que durante todas as horas do dia em todos os dias da nossa vida fazemos escolhas: chamam-lhe a tão desejada liberdade, um conceito diferente daquele que eu sempre imaginei para a liberdade sem limitações. Dou por mim, algumas vezes, indeciso. Qual é a minha posição? O que me leva a associar-me um partido ou a um movimento? Quais é que são, de facto, as minhas convicções? São fruto da minha experiência, do meu passado, das minhas leituras, vivências, amizades, contactos? É difícil tentar percebê-lo, mas mais importante do que entender a sua origem é perceber a sua realidade. Serei eu contra ou a favor do Aborto? O que é que a minha posição implica ou, pior, o que é que a ausência da minha opinião significa? Serei eu assim tão importante ou, contrariamente, tão insignificante? O aborto está ...

A lição que eu aprendi no teu último suspiro

Passo demasiado tempo sem insistir nas coisas de que gosto. Demoro-me na tomada de decisão por medo do consciente ou por inconsciência, ou por ter medo, não dos outros mas de mim com os outros. Esse sou eu numa parte que não me define ou não na forma como eu me vejo. Assusto-me com frequência com as todas as vezes em que não me assumi a favor ou contra algo ou na impotência das palavras que expressam o que eu gosto ou não gosto, ou o que amo e evito expressar. Não porque não sinta, mas porque tenho medo de sentir. Ou sou só muito insuficiente emocionalmente. Penso no dia em que me arrependerei. Normalmente ignoro o pensamento e rapidamente desligo-me. Excepto hoje, quando  já arrependido me despedi de uma parte de mim. Não é realmente uma despedida, mas o dar lugar a ausência que já existia. O último olhar para ti ainda que o anterior tivesse sido há muito tempo. A certeza da não repetição, a certeza da ausência, a liberdade de deixar-te partir sem querer perder-te. Às vezes sinto-...

Loucura desbravada em segundos

Loucos são os que não procuram uma saída. Eu sou louco, sim, porque me permito a essa loucura que é sentir-me livre. Livre de pensamento, não se enganem, continuo preso por amarras, como todos os outros, a sistemas feudais, capitalistas e, nos dias de hoje, também sistemas de mediatismo e influência. Comiseração é o que sinto todos os dias por aqueles que se libertam das amarras e caem no chão. Corajosos, penso, imbecis, pensam os outros. Gostava também eu de soltar toda a loucura que há dentro de mim e gritar no meio da rua todas as palavras que disfarço com aquilo a que outros dizem ser uma compensação. Ou melhor, uma descompensação, existisse o termo. Grito, ainda assim. Com toda a minha alma nesse lugar reservado à luta dos egos, os meus e os de quem eu permite. É uma confusão que distrai e consome a energia básica e nada pura de quem deambula pelas ruas cheias de marcas e de pessoas das marcas. Não há pessoas já, são máquinas, energúmenos, talvez, mas pessoas não. Procuro u...

Um novo conceito

Conheci o amor. Sempre me questionei e duvidei do conceito: não o entendia. Sempre procurei amar os outros, mais do que a mim mesmo, e essa busca resultou sempre em experiências que me conduziram por uma conquista desmesurada que marcou o caminho com falsas modéstias, incoerências, inseguranças e vontades escrupulosamente falsas. Eu queria sentir o amor, queria incessantemente, até que desisti. Optei por um caminho diferente. Misturei-me, envolvi-me, joguei-me no chão e nunca chorei porque não era capaz. Sentia-me vazio, mas aprendi que estar sozinho podia fazer-me bem. E fez, muito bem. Foi de tal forma envolvente que deixei de sentir e, pior, deixei de o querer fazer. Bloqueei-me e, sem perceber, esqueci-me de tudo o que antes era natural em mim. Quando o conheci não assumi nenhum jogo, já tinha realizado que estava incapacitado daquela que era a minha natureza. Estava seguro. Não me iria envolver, não seria capaz. E não fui. Conheci-o, genuinamente, sem preconceito, nem qualque...

Julga-me, se conseguires

Julga-me, se conseguires, porque eu desisti de me julgar, desisti de o querer fazer. Estou perdido, mas apenas porque me reencontrei num lugar onde não me recordo de ter estado, seja por falta de memória ou por falta de experiência. Não vou evitar as palavras, porque não tenho medo de as usar, de as justapor de forma consonante com aquilo que é o mais profundo que paira dentro de mim. São só palavras, estão longe de alcançar aquilo que sinto e que não sei explicar. Estou apaixonado, enganar-me porquê? Mas não, julga-me de novo, não o estive antes. Não assim, não realmente. Sinto o espaço e o tempo, sinto cada um dos momentos, sinto o presente e não estou preso nas experiências do passado ou nas ideias do futuro. Estou hoje. Estou agora. Estou bem, porque sinto que o estou. Não sei explicar o porquê de me sentir assim e acho que essa é a única explicação honesta que te posso dar. Não me interpretes mal, eu sei que ainda não é amor. Não, e ainda bem que não é porque se chegar a ser pos...

Não o beijei, ainda

Chega perto de mim e tudo faz sentido. Não sei explicar as sensações porque não me recordo de as ter sentido antes. Não criei expetativas mas recordo-me do nervosismo do primeiro dia. Que idiotice, pensei. Era só um encontro. “Isto vai correr tão mal”, senti na altura. Surpreendi-me e desde aí que não voltei à realidade. Não consigo parar de extasiar-me com todos os momentos, a cada repetição, a cada nova sensação. Outro dia disse que a única coisa que realmente sentia é que quando estou com ele sinto-me “em casa” e, não sei explicar o porquê, esse sempre me pareceu o sentimento mais importante, um sentimento de pertença. Quero ser racional e dizer-me que tudo isto é real e natural, normal até. Mas não consigo, talvez porque não seja normal para mim. Não quero criar argumentos preenchidos de enormes dissertações sobre o que sinto, quero apenas sentir, mas tenho medo, não de sentir, mas de ter de o deixar de fazer. Sinto, sim. Estou apaixonado. Pela primeira vez, acho, não por uma idei...

Entre o gostar e o sentir

Gostava de poder sentir o mesmo que tu sentes, de ter os olhos brilhar quando te vejo e sentir o estômago às voltas quando estou contigo. Mas não sinto.  Gostava de poder pertencer ao teu pequeno mundo onde não existe metade do que existe no meu, onde as coisas que para mim não têm importância são os teus pequenos detalhes e onde o que mais de interessante existe para mostrar é não mais do que um tremendo aborrecimento para mim. Mas não pertenço.  Gostava de poder sentir-me normal contigo e com as pessoas como tu.  Gostava de simplesmente ver de uma forma que eu não vejo.  Gostava de gostar de ti como tu gostas de mim.  Mas não gosto.