Não o beijei, ainda
Chega perto de mim e tudo faz sentido. Não sei explicar as sensações porque não me recordo de as ter sentido antes.
Não criei expetativas mas recordo-me do nervosismo do primeiro dia. Que idiotice, pensei. Era só um encontro. “Isto vai correr tão mal”, senti na altura. Surpreendi-me e desde aí que não voltei à realidade. Não consigo parar de extasiar-me com todos os momentos, a cada repetição, a cada nova sensação. Outro dia disse que a única coisa que realmente sentia é que quando estou com ele sinto-me “em casa” e, não sei explicar o porquê, esse sempre me pareceu o sentimento mais importante, um sentimento de pertença.
Quero ser racional e dizer-me que tudo isto é real e natural, normal até. Mas não consigo, talvez porque não seja normal para mim. Não quero criar argumentos preenchidos de enormes dissertações sobre o que sinto, quero apenas sentir, mas tenho medo, não de sentir, mas de ter de o deixar de fazer.
Sinto, sim. Estou apaixonado. Pela primeira vez, acho, não por uma ideia, mas pela pessoa, em si, com tudo o que pude receber e compreender. Não, não foi preciso impressionar-me, a presença foi a chave, o estar, o ser, o falar, o olhar, o ver e o sentir, sentir que estava tudo bem, sentir que tudo fazia sentido, não porque é giro, sabe falar e sabe estar, isso é mais recorrente, presumo, mas porque existe. De todas as formas, não verbais, não físicas, não reais, mas emocionais. Existe a ligação, uma sensação desprovida de razão e de certeza, uma sensação apenas, suficiente é capaz de entorpecer qualquer raciocínio.
Não o beijei. Não fui capaz.
Pela primeira vez não fui capaz. Sim, quis fazê-lo, mas foi desnecessário. A ligação que criámos dá-me mais do que os lábios que, não devo enganar-me, desejo poder beijar. Estudei-os já infimamente, sei-lhes os traços, conheço-lhes os trejeitos. Mas sempre os olhos roubaram a atenção, espreitam por mim, dão-me licença que entre e que os cumprimente. Sorriem mesmo quando estão estáticos. Deixaram de ser um mistério para ser uma certeza. Olho-os, sem pudor, e entro neles. Não me afogo, pelo contrário, estou sereno. Adoro-os, mesmo sem saber. Sinto-me em casa neles. Estou confortável.
Não criei expetativas mas recordo-me do nervosismo do primeiro dia. Que idiotice, pensei. Era só um encontro. “Isto vai correr tão mal”, senti na altura. Surpreendi-me e desde aí que não voltei à realidade. Não consigo parar de extasiar-me com todos os momentos, a cada repetição, a cada nova sensação. Outro dia disse que a única coisa que realmente sentia é que quando estou com ele sinto-me “em casa” e, não sei explicar o porquê, esse sempre me pareceu o sentimento mais importante, um sentimento de pertença.
Quero ser racional e dizer-me que tudo isto é real e natural, normal até. Mas não consigo, talvez porque não seja normal para mim. Não quero criar argumentos preenchidos de enormes dissertações sobre o que sinto, quero apenas sentir, mas tenho medo, não de sentir, mas de ter de o deixar de fazer.
Sinto, sim. Estou apaixonado. Pela primeira vez, acho, não por uma ideia, mas pela pessoa, em si, com tudo o que pude receber e compreender. Não, não foi preciso impressionar-me, a presença foi a chave, o estar, o ser, o falar, o olhar, o ver e o sentir, sentir que estava tudo bem, sentir que tudo fazia sentido, não porque é giro, sabe falar e sabe estar, isso é mais recorrente, presumo, mas porque existe. De todas as formas, não verbais, não físicas, não reais, mas emocionais. Existe a ligação, uma sensação desprovida de razão e de certeza, uma sensação apenas, suficiente é capaz de entorpecer qualquer raciocínio.
Não o beijei. Não fui capaz.
Pela primeira vez não fui capaz. Sim, quis fazê-lo, mas foi desnecessário. A ligação que criámos dá-me mais do que os lábios que, não devo enganar-me, desejo poder beijar. Estudei-os já infimamente, sei-lhes os traços, conheço-lhes os trejeitos. Mas sempre os olhos roubaram a atenção, espreitam por mim, dão-me licença que entre e que os cumprimente. Sorriem mesmo quando estão estáticos. Deixaram de ser um mistério para ser uma certeza. Olho-os, sem pudor, e entro neles. Não me afogo, pelo contrário, estou sereno. Adoro-os, mesmo sem saber. Sinto-me em casa neles. Estou confortável.