Julga-me, se conseguires
Julga-me, se conseguires, porque eu desisti de me julgar, desisti de o querer fazer.
Estou perdido, mas apenas porque me reencontrei num lugar onde não me recordo de ter estado, seja por falta de memória ou por falta de experiência. Não vou evitar as palavras, porque não tenho medo de as usar, de as justapor de forma consonante com aquilo que é o mais profundo que paira dentro de mim. São só palavras, estão longe de alcançar aquilo que sinto e que não sei explicar.
Estou apaixonado, enganar-me porquê?
Mas não, julga-me de novo, não o estive antes. Não assim, não realmente. Sinto o espaço e o tempo, sinto cada um dos momentos, sinto o presente e não estou preso nas experiências do passado ou nas ideias do futuro. Estou hoje. Estou agora. Estou bem, porque sinto que o estou. Não sei explicar o porquê de me sentir assim e acho que essa é a única explicação honesta que te posso dar.
Não me interpretes mal, eu sei que ainda não é amor. Não, e ainda bem que não é porque se chegar a ser posso não sobreviver àquilo que sou e que, julga-me uma vez mais, sempre fui. Não sou o "eu" que construí, mas o "eu" que nunca se expôs. As máscaras não existem; "Como não?", pergunto-me. "Existem sempre máscaras", oiço a resposta. Eu também julgava que sim, eu sempre fui assim, por isso não tenho palavras para descrever aquilo que é a minha razão, porque a única coisa que tenho certa é como me sinto: despido de máscaras e de sorrisos por conveniência, vazio de falsas modéstias ou de impressionismos e jogos de sedução, mas cheio de um todo que sou eu próprio, descubro agora, cheio de tanto para valorar e para dar aos outros. Gosto de mim sim, pela primeira vez o escrevo, e descobri-o porque consigo gostar realmente de uma outra pessoa, que és tu.
Sou, de novo, um adolescente com o frio na barriga, a vontade de te ver e a mente cheia de um vazio preenchido daquele aroma a madeira do cedro que me atrai para um castelo cheio de portas que se abrem, uma atrás da outra, consecutivamente, permitindo-me descobrir mais e mais ideias de um todo que me satisfaz, me ultrapassa e me surpreende, a cada porta. Sei de cor cada traço do teu rosto que preenche as várias paredes de um sítio desconhecido onde só cabem emoções, boas emoções. E, sim, julga-me, isto é um veneno, uma droga talvez, não sei dizê-lo, sei que me viciei, não obcecadamente, mas naturalmente, porque todos somos atraídos para aquele sítio que chamamos de "casa". Eu estou em casa e não preciso, pela primeira vez, sair dela.
Estou confortável? Não, não acredites nisso. Estou altamente desconfortável, porque estar em casa é novo para mim, é sentir-me de todas as formas, em todos os momentos, sem entender, sem fazer um plano, sem imaginar um desfecho. É, pela primeira vez, só uma lareira, os tacos de madeira a arder, as labaredas altas em chama e um copo de um vinho tinto encorpado e bebido sem urgência, mas com muito desejo. Em cada trago um suspiro e em cada gole uma visão daquele tapete confortável onde me sento, de pernas cruzadas, a mergulhar nos teus olhos profundos e intensos que me abraçam e me dão o oxigénio e a força necessária para imergir de cada vez com mais confiança e sem medo. E, no caminho, os lábios que me arrancam a alma e a seguram estrategicamente. O beijo doce e depois rebuscado, que se aproxima e me devora, em cada instante uma nova sensação. Os teus lábios conhecem-me e nunca antes havíamos sido apresentados, como se explica isso? Não se explica, dá-se a permissão.
Julga-me, se conseguires, será tudo isto uma fantasia? Será que recuperei uma imaginação que antes perdera? Será possível imaginar isto, vivê-lo e ainda assim ser apenas uma ilusão? Serei eu próprio uma ilusão? Ou será que finalmente eu sou real, isto é real? Não estou certo, nunca aqui estive, mas acredito na realidade. Talvez eu esteja errado e tudo isto seja imaginação e então sim, julga-me, porque eu sempre quis tudo isto, mesmo sem nunca o ter imaginado.
Estou perdido, mas apenas porque me reencontrei num lugar onde não me recordo de ter estado, seja por falta de memória ou por falta de experiência. Não vou evitar as palavras, porque não tenho medo de as usar, de as justapor de forma consonante com aquilo que é o mais profundo que paira dentro de mim. São só palavras, estão longe de alcançar aquilo que sinto e que não sei explicar.
Estou apaixonado, enganar-me porquê?
Mas não, julga-me de novo, não o estive antes. Não assim, não realmente. Sinto o espaço e o tempo, sinto cada um dos momentos, sinto o presente e não estou preso nas experiências do passado ou nas ideias do futuro. Estou hoje. Estou agora. Estou bem, porque sinto que o estou. Não sei explicar o porquê de me sentir assim e acho que essa é a única explicação honesta que te posso dar.
Não me interpretes mal, eu sei que ainda não é amor. Não, e ainda bem que não é porque se chegar a ser posso não sobreviver àquilo que sou e que, julga-me uma vez mais, sempre fui. Não sou o "eu" que construí, mas o "eu" que nunca se expôs. As máscaras não existem; "Como não?", pergunto-me. "Existem sempre máscaras", oiço a resposta. Eu também julgava que sim, eu sempre fui assim, por isso não tenho palavras para descrever aquilo que é a minha razão, porque a única coisa que tenho certa é como me sinto: despido de máscaras e de sorrisos por conveniência, vazio de falsas modéstias ou de impressionismos e jogos de sedução, mas cheio de um todo que sou eu próprio, descubro agora, cheio de tanto para valorar e para dar aos outros. Gosto de mim sim, pela primeira vez o escrevo, e descobri-o porque consigo gostar realmente de uma outra pessoa, que és tu.
Sou, de novo, um adolescente com o frio na barriga, a vontade de te ver e a mente cheia de um vazio preenchido daquele aroma a madeira do cedro que me atrai para um castelo cheio de portas que se abrem, uma atrás da outra, consecutivamente, permitindo-me descobrir mais e mais ideias de um todo que me satisfaz, me ultrapassa e me surpreende, a cada porta. Sei de cor cada traço do teu rosto que preenche as várias paredes de um sítio desconhecido onde só cabem emoções, boas emoções. E, sim, julga-me, isto é um veneno, uma droga talvez, não sei dizê-lo, sei que me viciei, não obcecadamente, mas naturalmente, porque todos somos atraídos para aquele sítio que chamamos de "casa". Eu estou em casa e não preciso, pela primeira vez, sair dela.
Estou confortável? Não, não acredites nisso. Estou altamente desconfortável, porque estar em casa é novo para mim, é sentir-me de todas as formas, em todos os momentos, sem entender, sem fazer um plano, sem imaginar um desfecho. É, pela primeira vez, só uma lareira, os tacos de madeira a arder, as labaredas altas em chama e um copo de um vinho tinto encorpado e bebido sem urgência, mas com muito desejo. Em cada trago um suspiro e em cada gole uma visão daquele tapete confortável onde me sento, de pernas cruzadas, a mergulhar nos teus olhos profundos e intensos que me abraçam e me dão o oxigénio e a força necessária para imergir de cada vez com mais confiança e sem medo. E, no caminho, os lábios que me arrancam a alma e a seguram estrategicamente. O beijo doce e depois rebuscado, que se aproxima e me devora, em cada instante uma nova sensação. Os teus lábios conhecem-me e nunca antes havíamos sido apresentados, como se explica isso? Não se explica, dá-se a permissão.
Julga-me, se conseguires, será tudo isto uma fantasia? Será que recuperei uma imaginação que antes perdera? Será possível imaginar isto, vivê-lo e ainda assim ser apenas uma ilusão? Serei eu próprio uma ilusão? Ou será que finalmente eu sou real, isto é real? Não estou certo, nunca aqui estive, mas acredito na realidade. Talvez eu esteja errado e tudo isto seja imaginação e então sim, julga-me, porque eu sempre quis tudo isto, mesmo sem nunca o ter imaginado.