Um novo conceito

Conheci o amor. Sempre me questionei e duvidei do conceito: não o entendia.
Sempre procurei amar os outros, mais do que a mim mesmo, e essa busca resultou sempre em experiências que me conduziram por uma conquista desmesurada que marcou o caminho com falsas modéstias, incoerências, inseguranças e vontades escrupulosamente falsas. Eu queria sentir o amor, queria incessantemente, até que desisti.

Optei por um caminho diferente. Misturei-me, envolvi-me, joguei-me no chão e nunca chorei porque não era capaz. Sentia-me vazio, mas aprendi que estar sozinho podia fazer-me bem. E fez, muito bem. Foi de tal forma envolvente que deixei de sentir e, pior, deixei de o querer fazer. Bloqueei-me e, sem perceber, esqueci-me de tudo o que antes era natural em mim.

Quando o conheci não assumi nenhum jogo, já tinha realizado que estava incapacitado daquela que era a minha natureza. Estava seguro. Não me iria envolver, não seria capaz. E não fui. Conheci-o, genuinamente, sem preconceito, nem qualquer sedução. Mostrei-me e apresentei-me como sou: um misto entre a pessoa que eu sou e aquilo que tinha perdido. Estive, em cada momento, envolvido na realidade. A cada encontro permiti-me conhecer melhor: a ele e a mim, afinal de contas teria de descobrir também quem eu era, nunca me havia apresentado de forma tão genuína.

Quando dei por mim, apaixonei-me.
Quando me apercebi da realidade, duvidei.
Quando voltei a sentir, de novo, chorei, finalmente. Não chorava há demasiado tempo, acreditava mesmo que tinha deixado de sentir.

Amo-o, agora eu sei. Ele mostrou-me o que é o amor. Pela primeira vez descobri-o, senti-o e agarrei-me com todas as forças, mesmo que no início duvidasse. "Arrisca, vai sem medos", ouvi de quem antes sempre me ouviu. Não me sentia capaz de evitar o medo, eu sentia-o, de verdade, mas nem por isso deixei de ir, naturalmente, ao ritmo do que as emoções me permitiam. Estou a aprender ainda e penso que vou continuar sempre a aprender, afinal o conceito é demasiado abrangente para se esgotar na palavra. Antes sempre o vi como o veneno que consumia e entorpecia a visão de quem se sentia só, abandonado pela vida, como eu me sentia; Sempre o associei ao lado menos bom, por isso agora o percebo de outra forma.

Sinto-me, quase sempre, no meio de um daqueles filmes com imensos efeitos especiais e o óbvio como mote de desenlace, imagino sempre a cena seguinte, mas acabo sempre surpreendido e arrebatado pela cumplicidade, pela partilha e pelo mais genuíno sorriso que alguma vez esbocei.

Amo-o porque é impossível não o amar.
Amo-o porque, de repente, o filme é real e eu assumo o papel de protagonista.


Mensagens populares deste blogue

Um mito chamado Drosler