Mensagens

A mostrar mensagens de 2018

Um novo conceito

Conheci o amor. Sempre me questionei e duvidei do conceito: não o entendia. Sempre procurei amar os outros, mais do que a mim mesmo, e essa busca resultou sempre em experiências que me conduziram por uma conquista desmesurada que marcou o caminho com falsas modéstias, incoerências, inseguranças e vontades escrupulosamente falsas. Eu queria sentir o amor, queria incessantemente, até que desisti. Optei por um caminho diferente. Misturei-me, envolvi-me, joguei-me no chão e nunca chorei porque não era capaz. Sentia-me vazio, mas aprendi que estar sozinho podia fazer-me bem. E fez, muito bem. Foi de tal forma envolvente que deixei de sentir e, pior, deixei de o querer fazer. Bloqueei-me e, sem perceber, esqueci-me de tudo o que antes era natural em mim. Quando o conheci não assumi nenhum jogo, já tinha realizado que estava incapacitado daquela que era a minha natureza. Estava seguro. Não me iria envolver, não seria capaz. E não fui. Conheci-o, genuinamente, sem preconceito, nem qualque...

Julga-me, se conseguires

Julga-me, se conseguires, porque eu desisti de me julgar, desisti de o querer fazer. Estou perdido, mas apenas porque me reencontrei num lugar onde não me recordo de ter estado, seja por falta de memória ou por falta de experiência. Não vou evitar as palavras, porque não tenho medo de as usar, de as justapor de forma consonante com aquilo que é o mais profundo que paira dentro de mim. São só palavras, estão longe de alcançar aquilo que sinto e que não sei explicar. Estou apaixonado, enganar-me porquê? Mas não, julga-me de novo, não o estive antes. Não assim, não realmente. Sinto o espaço e o tempo, sinto cada um dos momentos, sinto o presente e não estou preso nas experiências do passado ou nas ideias do futuro. Estou hoje. Estou agora. Estou bem, porque sinto que o estou. Não sei explicar o porquê de me sentir assim e acho que essa é a única explicação honesta que te posso dar. Não me interpretes mal, eu sei que ainda não é amor. Não, e ainda bem que não é porque se chegar a ser pos...

Não o beijei, ainda

Chega perto de mim e tudo faz sentido. Não sei explicar as sensações porque não me recordo de as ter sentido antes. Não criei expetativas mas recordo-me do nervosismo do primeiro dia. Que idiotice, pensei. Era só um encontro. “Isto vai correr tão mal”, senti na altura. Surpreendi-me e desde aí que não voltei à realidade. Não consigo parar de extasiar-me com todos os momentos, a cada repetição, a cada nova sensação. Outro dia disse que a única coisa que realmente sentia é que quando estou com ele sinto-me “em casa” e, não sei explicar o porquê, esse sempre me pareceu o sentimento mais importante, um sentimento de pertença. Quero ser racional e dizer-me que tudo isto é real e natural, normal até. Mas não consigo, talvez porque não seja normal para mim. Não quero criar argumentos preenchidos de enormes dissertações sobre o que sinto, quero apenas sentir, mas tenho medo, não de sentir, mas de ter de o deixar de fazer. Sinto, sim. Estou apaixonado. Pela primeira vez, acho, não por uma idei...

Entre o gostar e o sentir

Gostava de poder sentir o mesmo que tu sentes, de ter os olhos brilhar quando te vejo e sentir o estômago às voltas quando estou contigo. Mas não sinto.  Gostava de poder pertencer ao teu pequeno mundo onde não existe metade do que existe no meu, onde as coisas que para mim não têm importância são os teus pequenos detalhes e onde o que mais de interessante existe para mostrar é não mais do que um tremendo aborrecimento para mim. Mas não pertenço.  Gostava de poder sentir-me normal contigo e com as pessoas como tu.  Gostava de simplesmente ver de uma forma que eu não vejo.  Gostava de gostar de ti como tu gostas de mim.  Mas não gosto. 

As minhas desculpas

Hoje recordei-me de ti, passado todo este tempo, e finalmente percebi que tenho um pedido de desculpas a fazer-te. Devo-te as minhas desculpas pelo que te fiz passar, pela imaturidade com que sempre te tratei e por toda a nossa história que guardo hoje como a mais bonita história de amor que vivi. E entendo agora o inferno por que te fiz passar.  Se pudesse voltar atrás não o faria. Não gostaria de recuperar nem um segundo do tempo que vivi contigo, mas recordo todos os momentos. As coisas pequenas que me enchiam o coração e as grandes emoções que não fui capaz de viver. Não foi fácil para mim, mas agora sei que também não foi fácil para ti. Anos depois consigo compreender o que me querias dizer na altura e que eu era incapaz de perceber. Entendo agora as coisas que eu sentia e que não era suficientemente capaz para te transmitir.  A seguir ao mais sincero pedido de desculpas, devo-te um agradecimento profundo por tudo o que me ensinaste, ainda que só agora o perceba....

A casa de partida

Chegas a um ponto sem retorno, a um lugar onde um dia quiseste estar mas sem alguma vez teres pensado ser possível. Chegas e entendes que não é o que querias, que não é a forma como querias que fosse, que tudo é realmente diferente do que imaginaste e que não corresponde ao que procuras agora.  Ao chegares, entendes que foste tu quem te conduziu até ali, mas esqueceu-te o caminho e os vários obstáculos que eventualmente superaste ou que, aquilo com que não contavas realmente, contornaste. Fizeste o desvio mas não os ultrapassaste realmente, eles continuam onde sempre estiveram e a meta é apenas um espelho do caminho ou, na pior das hipóteses, a sua derradeira consequência.  Procuras novas metas, encontras um novo caminho mas os mesmos obstáculos. Estás de volta à casa da partida e, de repente, aquilo que antes era o objetivo converte-se num desfecho onde não queres chegar com pressa ou até mesmo, e se possível, não chegar. Interessa-te o caminho e não os desvios...

Um instante

E, num instante, a esperança, o desejo de mudança, o princípio de um novo início que, sem assumires, procuras. Por vezes dás contigo sentado em algum lugar, que é por certo distante e bem mais difuso do que aquele onde realmente estás, e pensas em tudo aquilo que podia ser e que não é, nas centenas de ideias e de possibilidades que trazes contigo e na capacidade criativa que tens em construir soluções para os problemas. Mas sobra-te a inércia e a força que nela investes, sem perceber como. Levantas-te e exclamas por liberdade só com a postura que assumes. Encontras a energia que escondias e começas a trabalhar pelas tuas conquistas, deixando de as esperar inerte e sem vontade.

Escrevo sobre o amor

A incapacidade da escrita resulta em mim na consequência de não acreditar naquilo que é o amor ou, ao invés disso, vivê-lo.  Percebo agora que a maior parte daquilo que escrevo diz respeito a amar, ao amor e como este influencia as minhas experiências de vida. Percebo que não amando reflito sobre o que já amei ou quem e de que forma poderei vir a amar. Entendo que é o amor que move a minha narrativa, olho para trás e percebo que foi assim que vivi incessante e desmesuradamente sem planos nem uma motivação estabelecida: apenas sentir e viver o amor. Encontro-me sozinho, por fim, depois de tanto tempo e de tantos pedidos de consciência para assim o estar. Eu comigo e com a necessidade e a certeza de saber-me sedento de alguém, da sua presença, da sua história - falta-me a minha e só por isso essa sede. Construo novas histórias na minha cabeça: o que ser, o que fazer, com quem falar, o que aprender, onde ir a seguir. Tanta liberdade e tão pouco tempo: passaram anos de um ...

A incerteza de um olhar

Encontro-te nas várias oportunidades e olho-te de soslaio como quem finge não te querer observar ainda que te deseje ver-me contemplar cada traço do teu rosto. Há muito tempo que não vivia esta sensação de inocência que causa o desconforto e a alegria por estar na tua presença. Incomoda-me, não o posso esconder: não reconheceria a tua voz se me falasses; Não sei tão pouco em que língua poderíamos comunicar. Não te conheço e vibro em cada viagem que fazemos juntos sempre sem nos falarmos. Gosto disto ainda assim, é como se fosse um jogo do tudo ou nada em que o tudo me parece o início de uma história, com pelo menos um capítulo de introdução, e o nada se assemelha a um livro em branco sem qualquer intenção de se preencher. Se te falasse o que me dirias? Sentirás o mesmo? Lembro-me do dia em que te descobri no meio de uma multidão e do encontro dos nossos olhares: esboçaste um sorriso, recordo-me, e eu perdendo a ilusão da tua atenção virei a cara no sentido oposto. Arrependi-me ...