A incerteza de um olhar


Encontro-te nas várias oportunidades e olho-te de soslaio como quem finge não te querer observar ainda que te deseje ver-me contemplar cada traço do teu rosto.

Há muito tempo que não vivia esta sensação de inocência que causa o desconforto e a alegria por estar na tua presença. Incomoda-me, não o posso esconder: não reconheceria a tua voz se me falasses; Não sei tão pouco em que língua poderíamos comunicar. Não te conheço e vibro em cada viagem que fazemos juntos sempre sem nos falarmos. Gosto disto ainda assim, é como se fosse um jogo do tudo ou nada em que o tudo me parece o início de uma história, com pelo menos um capítulo de introdução, e o nada se assemelha a um livro em branco sem qualquer intenção de se preencher.

Se te falasse o que me dirias? Sentirás o mesmo? Lembro-me do dia em que te descobri no meio de uma multidão e do encontro dos nossos olhares: esboçaste um sorriso, recordo-me, e eu perdendo a ilusão da tua atenção virei a cara no sentido oposto. Arrependi-me e olhei de volta, ainda lá estavas com o mesmo sorriso ao qual respondi com um tímido e nervoso riso de quem é apanhado na situação mais constrangedora da sua vida. Pergunto-me se isto também aconteceu contigo ou se a ausência do sono, naquela manhã de sexta-feira, te tornou num sonho vivido com os olhos abertos.

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