Solitude da ilusão

Estás preso numa espiral que te conduz sempre à mesma saída e, inevitavelmente, a uma nova entrada: o mesmo caminho que já percorreste. 

O início é sempre o despertar de um interesse, a carência assola-te, precisas de um ombro amigo, de um abraço, de trocar elogios e ouvir palavras sensatas sobre algo que não és. Depois apaixonas-te e assustas-te porque começas a perder a razão e os teus pensamentos começam novamente a encaminhar-se para o caloroso e afável sentimento do amor. Sentes-te próximo, queres mais tempo para viver aquilo, queres intensificá-lo. Deixas-te ir devagar, julgas.

Apaixonas-te e tentas encontrar lugar na tua lógica pessoal para o amor, o que é que sentes realmente? Estás a gostar, tu sabes disso, sentes-te encantado e maravilhado com o mundo novo que de repente surge à tua volta. Deixas-te levar e vais, segues em frente, pensas. Estás pronto para amar e amas. De repente já estás preso em ti mesmo e na solitude desse amor.  

No fim acordas da ilusão. Estás no meio de uma tempestade onde nunca pensaste sequer poder vir a envolver-te. Protegeste-te daquilo, pensas. Mas não, na prática foste tu mesmo que cultivaste os ventos fortes e as chuvas intensas. Choras, descalço, por não teres onde pisar e sobretudo porque querias ali estar sem os trovões que te apoquentam a caminhar descalço. As lágrimas escorregam, vagorosas, pelo teu rosto. Desesperas e percebes que estás apenas e só novamente a regressar ao início onde estás sozinho, como sempre estiveste. 

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