A morte
Passaram, de repente, três anos e não sinto a tua falta, mas sei que não estás aqui. Quiseste ir, foi opção tua, assim o decidiste. Deixaste-me orfão e detentor de um vazio que nunca pude preencher. Recordo as palavras que te disse naquela noite, como as esquecer? Não consigo decifrá-las, não sei de onde vieram, terá sido pura representação? Nem eu sou assim tão bom ator, nem as mentiras têm tanto significado.
Disse-te, nesse dia, que te amava, não menti, à minha maneira sentia-o, mas nunca o consegui mostrar. Estejas onde estiveres - não estarás em parte nenhuma, por certo - estás livre de mim contigo e de ti comigo.
Não sabes, mas eu tentei seguir-te os passos. A culpa é tua porque me julgaste capaz de uma solidão real, onde já não existias, enganaste-te. Hoje compreendo as palavras que nos teus momentos ébrios me dizias. E a culpa é minha, eu sei, deixei-te sozinho e disponibilizei-te a corda. Apenas a usaste. Eu sei.