O tempo que nada cura

O meu grande erro sempre foi tomar a parte pelo todo. Dei-te a importância demasiada que quis dar-te, descuidando a vontade em proteger-me, protegendo-te. Errei. Das duas formas. Acabei por te magoar, magoando-me. Sofri as minhas dores e dei-te a sofrer as tuas. Abri-te os olhos, presumo. Ambos o fizemos e acordámos para a realidade do falso matrimónio que havíamos construído em menos de nada. 

As coisas já não estavam bem, sabíamo-lo. Mas enquanto todas as discussões e desacatos terminavam no abraço que nos aconchegava e nos aproximava, estávamos bem. Éramos, fomos e somos ambos egoístas. Nunca nos respeitamos verdadeiramente porque nunca fomos capazes de nos compreender, ver-mo-nos pelos olhos do outro e isso foi a nossa verdadeira sentença.

Não posso dizer que deixei de te amar, porque não é verdade. Sinto a falta da tua presença e do teu carinho, mas repudio a ideia de voltar a ter de discordar de ti e saber de que forma isso culminaria. Gosto da ideia do teu silêncio, o teu olhar tranquilo e a tua simplicidade, que por tão poucas vezes pude ver. E ainda só consigo imaginar-me amante de ti. Ninguém mais foi ainda capaz de me fazer gostar de um momento como tu conseguiste. Penso em ti, sempre que tenho a oportunidade de não o fazer e, pior, falo sobre ti, mesmo não referindo o teu nome. Repito lugares mas tu já lá não estás e fazes-me falta.

Gostava de poder não de voltar atrás e remediar a celeridade que corrompeu tudo, mas sim de poder ir mais à frente e perceber se estás lá ou, com o tempo, deixaste de importar.  

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