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A mostrar mensagens de 2016

Momentos de inspiração

E o mais estúpido é quando tu, momentos antes, semanas antes, anos antes, já o sabes, e dizes para ti mesmo: "Estou tão mal, tenho tanto para fazer, tanto para conquistar e o pior é que, a largos anos dessa realidade, já sei que vou querer estar exatamente onde estou hoje." Chama-se antecipação da estupidez.

Desabafos vazios sobre o ser-se

São pessoas, presumivelmente. Gostam de assistir aos programas de televisão inócuos da moda, são os novos comentadores sociais das teias de informação digital, procuram estar lá sempre, onde quer que os outros estejam, desde que estejam.  Ávidos por criar a sua própria legitimidade, procuram ser alguém através da representação que fazem de si mesmos. Falam de si, repetidamente: das suas histórias, das suas aventuras, dos seus medos, receios, lágrimas, tumultos e arrependimentos, mas nunca na primeira pessoa. São o exemplo de quem já o viu, dizem-se conhecedores. Como os outros, existem, vítimas do seu próprio percurso.  São vítimas da sua inusitada sede de protagonismo. Autocentrismo imposto por uma pangeia digital do "eu" que nos consome a vontade do conhecer, simulando-nos como mercadorias banais, com pouca utilização, mas valor acrescentado. Somos todos iguais, mas eles há que são gourmet , diferentes e indispensáveis a uma vivência obsoleta de desejos e vontades ...

Somos amigos

O caminho é propício a novas experiências e ele arrisca-se a vivê-las. Todas. Uma de cada vez. Surgem como que novas interrogações que se expõem e que procuram ser respondidas, vividas, exploradas, só para que no final existam reflexões. Por vezes, acontece-lhe não saber como terminar a história. Continua o caminho, as experiências, vem um novo dia, e o que passou, por lá ficou, naquele tempo e naquele espaço em que viveu, por breves instantes, uma história sem personagens, sem guião e quase sem falas. Existe cor naquele cenário em branco de palavras. Cores que lhe despertam emoções. Mas que emoções, pergunta. A resposta não é simples, não porque não a saiba encarar, mas porque não entende a razão de o fazer. Enquanto isso, explora a cor e seguem-lhe os seus pensamentos. Quando dá por si, já tem sobre o que pensar e recua. Não é isso que pretende, em vez de pensar, viver. É o que procura. É um mistério essa crença que carrega sobre si e que o inibe de ser um pouco de si própri...

As regras das histórias

Leva o raciocínio à proibição daquilo que nos satisfaz, mas não nos realiza. Chegamos perto da irracionalidade e os suores frios surgem: o descontrolo está perto e falta bom-senso. "Não posso. Não pode ser." Regras impostas por nós mesmos.  Chega o dia, chega a oportunidade e arranca-nos da realidade imposta. Levantamo-nos e percebemos que ultrapassamos os limites que tínhamos previstos. E agora? Deprimem os fracos, presumo. Arriscam tudo os mais destemidos. Perdidos por cem, perdidos por mil. Rompe-se a regra, quebra-se a crença, não há razão. E arriscam-se, portanto.  Descobre capítulos da sua história sem vírgulas e com alguns erros que não se corrigem. Mantém-se atento ao que é escrito, mas continua a assumir os erros, sem desproveito do assunto. Alegra-se, percebe que ignorar os erros torna a história mais desafiante e mais cativante. A astúcia eleva-o a um nível em que percebe não ter problemas e sorri.  Os pontos continuam a existir, mas, percebe agora...

Caminhos que se cruzam

Ele chorar até chorava, se visse hoje aquilo em que se meteu e a forma como o experienciou. Hoje pavoneia-se da sua frescura e bem-estar. Sente-se aconchegado, acarinhado e que dócil que está. Adora sentir-se assim, apaixonado, sensação acalorada no corpo. Chove lá fora e ele sorri e pergunta-se: "Mas qual é a razão para tanto descontentamento?" e, do outro lado, os seus interlocutores, sem o expressarem, pensam: "Mas qual é a razão para tanta alegria?". Mal sabem eles ou talvez até desconfiem. Nos caminhos cruzados, surgem os olhares, espreitam os mirones com desejo carnal a despertar-lhes a atenção ao campo de visão em redor. Não havendo olhares suspeitos, começa a sinfonia do falar sem falar-se. Beijos enviados através do olhar que percorrem o rosto e descem ao peito, percorrendo o resto do corpo. Que deleite e que vida.  Por detrás das portas, amam-se e deliram em vontade proibida. Agrada-lhes a proibição e o livre-arbítrio consome-os, arriscam tudo e g...