Somos amigos
O caminho é propício a novas experiências e ele arrisca-se a vivê-las. Todas. Uma de cada vez. Surgem como que novas interrogações que se expõem e que procuram ser respondidas, vividas, exploradas, só para que no final existam reflexões.
Por vezes, acontece-lhe não saber como terminar a história. Continua o caminho, as experiências, vem um novo dia, e o que passou, por lá ficou, naquele tempo e naquele espaço em que viveu, por breves instantes, uma história sem personagens, sem guião e quase sem falas. Existe cor naquele cenário em branco de palavras. Cores que lhe despertam emoções. Mas que emoções, pergunta. A resposta não é simples, não porque não a saiba encarar, mas porque não entende a razão de o fazer. Enquanto isso, explora a cor e seguem-lhe os seus pensamentos. Quando dá por si, já tem sobre o que pensar e recua. Não é isso que pretende, em vez de pensar, viver. É o que procura.
É um mistério essa crença que carrega sobre si e que o inibe de ser um pouco de si próprio, sem devaneios, no meio da tempestade, enquanto todos os outros dançam à chuva. Abriga-se, olhando-os: "quem sois e porque estou eu convosco?", seguem-se-lhe duas lágrimas, que seca sem cuidado. "Sou eu e estou aqui, o que me importa se estou ou não convosco?" E é então que percebe que não procura explicações.
"Então, o que são vocês?" Surge, por vezes, a questão. Sem saber, sorri e acena com a cabeça. Fica o silêncio. E é então que se ouve, afirmando com a convicção de quem não procura instigar o assunto: "Somos amigos."