Caminhos que se cruzam

Ele chorar até chorava, se visse hoje aquilo em que se meteu e a forma como o experienciou. Hoje pavoneia-se da sua frescura e bem-estar. Sente-se aconchegado, acarinhado e que dócil que está. Adora sentir-se assim, apaixonado, sensação acalorada no corpo. Chove lá fora e ele sorri e pergunta-se: "Mas qual é a razão para tanto descontentamento?" e, do outro lado, os seus interlocutores, sem o expressarem, pensam: "Mas qual é a razão para tanta alegria?". Mal sabem eles ou talvez até desconfiem.

Nos caminhos cruzados, surgem os olhares, espreitam os mirones com desejo carnal a despertar-lhes a atenção ao campo de visão em redor. Não havendo olhares suspeitos, começa a sinfonia do falar sem falar-se. Beijos enviados através do olhar que percorrem o rosto e descem ao peito, percorrendo o resto do corpo. Que deleite e que vida. 

Por detrás das portas, amam-se e deliram em vontade proibida. Agrada-lhes a proibição e o livre-arbítrio consome-os, arriscam tudo e ganham coragem, alimentam-se e saciam a vontade em ter-se, perto um do outro. É provisório, ambos o sabem, mas ignoram a meta e concentram-se no caminho, não há tempo nem espaço para barreiras. Caminham juntos.

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