O palco

Atrás da mentira, escondo as minhas verdades e descubro-me diferente daquilo que sempre representei. Procuro uma saída, de forma constante e repetida, e nunca chego a abrir qualquer uma das portas, as quais jamais ouso atravessar. 

Olho para trás e percebo a quantidade de palavras que usei para descrever uma realidade ficcionada por mim próprio e onde exemplarmente representei, sendo paralelamente o protagonista e o antagonista, replicado em cenas trágicas e sem perdão. 

Recuo, de todas as vezes, e o pano cai. Não oiço os aplausos, não vejo a plateia e não a sinto. Estou sozinho em palco e a cortina não precisa de descer, porque nunca foi necessário subi-la. Representei apenas para mim e o contra-cena já não existe. Estou sozinho e oiço o silêncio. Acabaram as falas, já não há texto para decorar, as luzes apagaram-se. Eu continuo em palco.

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