O processo que eu não aprendi

Relativamente a ele tinha uma única certeza que era a de não ter certeza nenhuma. Pela primeira vez percebi que as pessoas não são meros instrumentos de socialização e que não é possível decifrar-lhes uma identidade própria e construir-lhes uma imagem. 

Que insistência esta em considerar os outros apenas outros. Desconfiar deles e duvidar da sua lealdade, da sua significação. Não crer na sua boa-fé, ou fé, de todo. Não acreditar em pessoas. Por muito tempo este foi o meu lema: não acreditar em pessoas - quando na realidade deveria ter sido: não seguir os meus instintos. 

A confiança é um processo que não nos é inato e muito menos se adquire. Constrói-se e acerta-se ao longo do tempo com a noção de que nunca haverá uma estrutura sólida que não assente numa base segura e imóvel. Confiar num outro ser humano é colocar todas as nossas fragilidades a nú, mostrar-se por dentro e por inteiro, sem máscaras e sem falsas realidades. É, no fundo, uma troca - que acontece simultaneamente entre os dois indivíduos. A troca de conhecimentos sobre si. 

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