Nunca deixarei de fumar

Proíbam-me, digam-me que me matará, expliquem-me todos os malefícios e desvirtudes. Falem, gritem, mandem matar-me, mas deixem-me fumar um cigarro antes que padeça na minha própria ociosidade. 

Todos nós temos o nosso porto de abrigo e o meu é a minha própria morte, o meu caminho solene e virtuoso que me conduzirá abaixo da terra, onde os bichos hão-de morrer ao lado do meu cadáver consumido e fumado de todo o tabaco que desde os dezassete me acompanhou. 

Deixem-me com o meu tabaco. Deixem de me falar, virem-me as costas, insultem-me e rebaixem a minha altivez. Chamem-me de arrogante e peneirento, de infiel e mentiroso, manipulador, obsessivo. Chamem-me de maluco e suicida, não é assim tão insultuoso ou estará assim tão longe da verdade. Façam-no e humilhem-me, mas deixem-me com o meu fumo. Só eu e ele.

Mensagens populares deste blogue

Um mito chamado Drosler