Hipérbole
São almas que se desencontram e quando se cruzam parecem conhecer-se, ignorando-se ambiguamente. Fica a lembrança, fica a paixão fervorosa que antes foi sentida e chora o coração, lágrimas de sangue que mantém o resto funcional.
Sentas-te e olhas-te no espelho. Permaneces em silêncio.
Cais no chão e ajoelhas-te, gritas e suplicas um perdão. Pedes uma nova oportunidade para seres aquilo que ignoraste ou simplesmente nunca foste capaz de ser. Choras agora realmente, com lágrimas de água e sal, que demoradamente te escorrem da face até ao peito onde secam, finando o sofrimento, que aí termina.
Levantas-te e enxaguas as lágrimas que não tiverem oportunidade de morrer. "Não voltas a chorar por quem não te merece", explicas a ti mesmo, não acreditando e querendo desesperadamente repetir o acto de desespero digno de um verdadeiro óscar para melhor drama.
Olhas-te no espelho, agora de pé, e percebes que a única alma que se perdeu foi a tua. De ti.