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A mostrar mensagens de outubro, 2015

Hipérbole

São almas que se desencontram e quando se cruzam parecem conhecer-se, ignorando-se ambiguamente. Fica a lembrança, fica a paixão fervorosa que antes foi sentida e chora o coração, lágrimas de sangue que mantém o resto funcional.  Sentas-te e olhas-te no espelho. Permaneces em silêncio. Cais no chão e ajoelhas-te, gritas e suplicas um perdão. Pedes uma nova oportunidade para seres aquilo que ignoraste ou simplesmente nunca foste capaz de ser. Choras agora realmente, com lágrimas de água e sal, que demoradamente te escorrem da face até ao peito onde secam, finando o sofrimento, que aí termina.  Levantas-te e enxaguas as lágrimas que não tiverem oportunidade de morrer. "Não voltas a chorar por quem não te merece", explicas a ti mesmo, não acreditando e querendo desesperadamente repetir o acto de desespero digno de um verdadeiro óscar para melhor drama.  Olhas-te no espelho, agora de pé, e percebes que a única alma que se perdeu foi a tua. De ti. 

Um ano

Um ano depois, aqui estou, exatamente no mesmo sítio, sem grandes alterações e praticamente com o mesmo sentimento por ti.  Nada mudou à excepção de que te vejo agora ainda mais longe, mais distante e com menos realidade. Tenho dificuldade em recordar o teu cheiro e a tua voz, as tuas palavras mais meigas ou mesmo os momentos de rabugice. Mas aquilo que eu senti, ainda o sinto. Páro, de repente, no meio do quotidiano habitual, e olho para o Matias. Há quanto tempo eu não parava para olhá-lo. Vou guardá-lo, pensei. Não faz sentido estar ali a recordar-me de ti. E ao tocar nele, lembrei-me das vezes que juntos o contemplámos e os segredos que lhe contámos. Aproximei-o do rosto e as lágrimas caíram-me. Recordei o cheiro que me acordaram as memórias. Amar-te foi o maior erro que cometi na minha vida e a minha maior lição.