O jogo

A pior sensação que alguém como nós pode sentir é a de não saber o que sente ou não o compreender verdadeiramente. Errantes pelo mundo somos um nada que nos consome e nos destrói; Pessoas como nós são dominantes, têm sede de tudo saber e de tudo compreender, o não entender é uma faca que atravessa o peito e dói a cada milímetro em que se move.

Pessoas como nós não se dispõem a viver o presente sem que o passado tenha a sua influência imediata e cujas consequências futuras não sejam planeadas. Num sôfrego desafiamo-nos a avançar e a recuar sem que os outros tenham ainda dado o primeiro passo. Terminamos o jogo e só depois o começamos, todas as estratégias são definidas, tudo está certo quando acaba deliberadamente menos bem. 

E há um dia em que percebemos que nós somos o próprio jogo: o seu início, toda a sua complexa rede e o próprio desfecho, aquele que à partida é inevitável. Nós somos as pessoas que não sabem jogar naturalmente porque, na realidade, nós não sabemos nada acerca dele: o jogo.  

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