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A mostrar mensagens de julho, 2015

O caminho e o tempo

Até aqui sempre procurei aquilo que me saciava e que me deixava confortável. Evitei sempre expor-me ou colocar-me em situações que me fizessem ir mais além. Errei. Procurei sempre o fácil e o menos complicado de atingir, tomei atalhos, desviei-me sempre do ponto da questão e acabei sempre numa encruzilhada de caminhos de um labirinto que eu próprio criei.  Hoje, de volta à casa da partida, com as regras todas alteradas e com uma imensidão de novos obstáculos procuro encontrar um caminho. A dificuldade já não está em segui-lo ou mesmo em definir estratégias para ultrapassá-lo; O que me atrasa agora é a minha própria capacidade em dar tempo para que se concretize etapa a etapa. Descubro agora que não fui precipitado por impulso, nem nunca me desviei dos obstáculos, simplesmente os contornei por vontade em mais rapidamente alcançar os objetivos. Fracassei e tomo agora as dores de anos investidos em tentativas frustradas de atingir o lugar para o qual ainda não estou preparado...

O jogo

A pior sensação que alguém como nós pode sentir é a de não saber o que sente ou não o compreender verdadeiramente. Errantes pelo mundo somos um nada que nos consome e nos destrói; Pessoas como nós são dominantes, têm sede de tudo saber e de tudo compreender, o não entender é uma faca que atravessa o peito e dói a cada milímetro em que se move. Pessoas como nós não se dispõem a viver o presente sem que o passado tenha a sua influência imediata e cujas consequências futuras não sejam planeadas. Num sôfrego desafiamo-nos a avançar e a recuar sem que os outros tenham ainda dado o primeiro passo. Terminamos o jogo e só depois o começamos, todas as estratégias são definidas, tudo está certo quando acaba deliberadamente menos bem.  E há um dia em que percebemos que nós somos o próprio jogo: o seu início, toda a sua complexa rede e o próprio desfecho, aquele que à partida é inevitável. Nós somos as pessoas que não sabem jogar naturalmente porque, na realidade, nós não sabemos nada...