Não se desiste daquilo em que se acredita

Até aqui procurei o caminho para fugir àquilo que me consome por dentro e que insisto em querer fazer desaparecer: aquilo que sinto por ti. Por momentos, longos momentos, julguei tratar-se de uma obsessão, uma doença mental, este desejo infinito de te poder tocar, abraçar-te, olhar-te de novo nos olhos e dizer-te tão simplesmente que és a única pessoa no mundo que me faz sentir seguro, confortável e amado. Mostraste-me isso e foi o melhor que alguma vez recebi de alguém.

Depois decidi contrariar esta corrupção interna que se aflige dentro de mim e me faz querer voltar atrás e segui os conselhos da vida: segui em frente. Encontrei outras pessoas disponíveis para me conhecer, para me respeitar, para me dar tudo aquilo que poderia querer: respeito, carinho, conforto, um porto seguro, o toque, a carícia, o envolvimento. Descobri-as e afastei-as. Não o senti. Não era o teu cheiro, o teu toque, o teu sorriso. Não eras tu e eu não quis continuar.

Olho para ti, penso em ti e em tudo o que já nos aconteceu e percebo que não fomos feitos para resultar um com o outro. São mais as diferenças que nos separam do que as semelhanças que nos aproximam. Temos tantos defeito e somos tão parecidos no que a isso diz respeito: somos ambos desconfiados, insistentes, controladores, inseguros e, no fundo, tivemos sempre o mesmo medo: perder-mo-nos um ao outro.

Algum tempo depois, longe de ti, percebi finalmente este compasso que me impossibilita de avançar. Eu amei-te e continuo a amar. Descobri que quando pensamos sobre o amor, e quando lhe damos nome, quando dizemos “eu amo-te”, esquecemo-nos de o sentir. E descobri que quando o sentimos sem pensar, quando nos privamos de uma aproximação, de uma palavra, deixamos de poder abdicar dele. Finalmente percebi que não vou poder simplesmente deixar de te amar, colocar uma máscara, criar um escudo protetor, vestir uma capa, ser frio e procurar outra pessoa, porque essa pessoa não és tu e foi em ti que eu depositei na íntegra o meu valor.

Dizem os mais experientes nos conflitos psicossomáticos da vida que não se desiste daquilo em que se acredita, luta-se, faz-se um esforço, abdica-se do orgulho e dos planos, mas não se desiste. Do amor, esta coisa em que eu já não penso e que a todo o custo tento evitar sentir, também não se desiste, mas só podemos insistir e persistir em algo em que acreditamos e eu sei, porque o sinto e não o penso, que ainda acredito. E tu?

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